Definição : é caracterizada por anovulação crônica hiper-androgênica. É a endocrinopatia mais comum entre mulheres e a causa mais freqüente de infertilidade de origem ovariana. Acomete cerca de 5% a 10% das mulheres em idade reprodutiva, e sua fisiopatologia ainda é incerta, porém sabe-se que o hiperandrogenismo e a resistência periférica à insulina desempenham papéis importantes na origem da doença (TSO e DUARTE, 2010).
Características: A SOP é uma causa de infertilidade e amenorréia e caracteriza-se pelo espessamento da cápsula ovárica e desenvolvimento de múltiplos cistos foliculares. É habitualmente bilateral. Cursa com níveis elevados de testosterona, estradiol e LH e níveis baixos de FSH (FERNANDES, 2010).
Segundo Lyttleton (2006) os ovários se encontram recobertos por pequenos cistos, os ciclos menstruais são longos ou irregulares, além de acne ou excesso de pelos. Existe um forte componente genético. Pacientes com resistência a insulina tem capacidade antioxidativa diminuída, causando acúmulo de radicais livres e aumento do dano vascular, o que eleva a possibilidade de ocorrência de aterosclerose. A síndrome metabólica caracteriza-se por aumento dos triglicérides, diminuição da fração de lipoproteína de alta densidade ( HDL) do colesterol, aumento da pressão arterial , intolerância a glicose e obesidade central (IZZO, 2010).
Lyttleton (2006) cita que as mulheres abaixo do peso têm a ovulação com mais freqüência do que se apresentarem o peso usual e ela não ocorre quando estão acima do peso. As mulheres com ovários levemente policísticos apresentam ciclos levemente irregulares, mas geralmente não tem problemas para engravidar, embora possa demorar um pouco mais que o usual. Quando não apresentam ovulação ou esta é rara, a fertilidade se encontra seriamente reduzida. Os múltiplos folículos em ovários de mulheres com SOP por algum motivo se desenvolvem pela metade, ou menos, do tamanho normal. Em um ciclo ovariano normal, um folículo continuaria a crescer, liberando um óvulo, enquanto os outros se atrofiariam, mas na SOP os folículos não se desenvolvem e produzem bastante estrogênio (e alguma testosterona). A hipófise ao realizar a leitura desse estrogênio, retira seu suplemento de FSH e produz mais LH para a ovulação. Contudo, uma vez que esse folículo não está maduro o suficiente para ovular, chega-se a um impasse em que o estrogênio e o LH continuam sendo produzidos, porque a próxima fase (liberação de óvulo e formação do corpo lúteo) não ocorre para interromper a produção hormonal.
A anovulação crônica, típica de pacientes com SOP pode levar a uma secreção estrogênica continua sem contraposição de progesterona, o que aumenta o risco de neoplasia de endométrio. Acredita-se que pacientes com SOP têm três vezes mais risco de desenvolver câncer de endométrio do que a população geral (IZZO, 2010).
Fatores de Risco: Segundo Costa et al (2009), dentre os fatores de risco tem-se dado importância especial à obesidade central, em virtude do fato de que a distribuição visceral de gordura está relacionada com a Resistência a Insulina , fator chave na fisiopatologia da SOP. Há associação com vários fatores de risco para desenvolvimento de doença cardiovascular, como resistência à insulina, dislipidemia, diabetes mellitus, hipertensão arterial, disfunção endotelial, obesidade central, síndrome metabólica e marcadores pró-inflamatórios crônicos (Azevedo, 2010).
Sinais e sintomas: Irregularidade menstrual e infertilidade por causa da anovulação crônica e por sinais de hiperandrogenismo como acne, alopecia ou hirsutismo e síndrome metabólica.
Diagnóstico: atualmente é considerado na presença de pelo menos dois dos seguintes critérios: oligoanovulação, hiperandrogenismo e ovários (um ou ambos ) micropolicísticos. Os ovários policísticos são caracterizados ecograficamente com mais de 12 folículos entre 2 e 9 mm, por ovário, avaliados em um ou mais planos, sob a cortical ovariana ou mais , espalhados no estroma . O volume ovariano em geral está aumentado, frequentemente maior que 10 cm³ ( ROCHA et AL, 2010) .
Os testes de sangue demonstram elevados níveis de testosterona e LH e a ultrassonografia revela ovários aumentados de tamanho com vários folículos imaturos. Algumas mulheres apresentam ovários levemente policísticos, mas não manifestam a síndrome completa.
Tratamento: Em geral são administradas pílulas anticoncepcionais orais para mulheres com SOP que não desejam engravidar. Para as que desejam engravidar é prescrita a Metformina, droga que normaliza o uso da insulina pelo organismo e reduz os níveis de glicemia, ajudando na perda de peso e aumentando a freqüência da ovulação (LYTTLETON, 2006). É importante modificar também o estilo de vida (dieta, atividade física, tabagismo e controle de estresse).
Segundo Izzo (2010) a primeira linha de tratamento em pacientes com SOP é a indução da ovulação e aplicação de técnicas de reprodução assistida (TRA). A fertilização in vitro restringe-se a situação em que houve falha em tratamentos mais simples ou em que há fatores associados que indiquem um tratamento mais avançado.
Estudos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (AZEVEDO et al , 2008) , dizem que a prática de exercício físico deve ser estimulada e mantida por longo prazo nas mulheres com SOP, uma vez que sua suspensão, mesmo que por curtos períodos, é capaz de gerar perdas relevantes, principalmente em relação aos aspectos metabólicos e cardiovasculares. Fica claro o seu papel potencializador das estratégias terapêuticas dietéticas e/ou medicamentosas, visando à melhoria nas funções hormonal, metabólica, cardiovascular e reprodutiva.
A SÍNDROME DO OVÁRIO POLICÍSTICO SEGUNDO A MTC (possui termos técnicos referentes à MTC)
A doença do ovário policístico é uma formação de massa abdominal, atribuída a uma deficiência de Yang do Rim e a Mucos e/ou Umidade. Quando o Yang do Rim está deficiente por um longo tempo, pode falhar em transformar, evaporar e transportar fluidos no Aquecedor Inferior, que pode se acumular para formar Umidade/ Mucos, fazendo com que os cistos se formem, enquanto que a deficiência do Yang do Rim causa amenorréia e infertilidade.
Etiologia : A etiologia de cistos de ovário são freqüentemente atribuídas à invasão por fatores patogênicos externos durante o período menstrual ou logo após o parto, em ambas quando o sistema genital está num estado vulnerável ou propenso à invasão.
Causas: Em geral a Síndrome do Ovário Policístico (SOP) está combinada com estresse emocional levando a estagnação de Qi e do Xue (Sangue), e com dieta irregular (excessivo consumo de alimentos gordurosos e açucarados) levando a deficiência de Qi do Baço e à formação de Mucos.
Características : Segundo Maciocia (2000) é caracyerizada por formação de Muco, Umidade e estagnação de Qi e Xue ( Sangue).
Tratamento: O padrão de Muco obstruindo o útero é o mais difícil de ser tratado e mais ainda quando causado por SOP, uma anormalidade da função gonadal , associada a anovulação, aumento de hormônio luteinizante (LH), cistos ovarianos e produção aumentada de andrógenos .Clinicamente a paciente tende a ser obesa (embora não necessariamente) e a sofrer de hirsutismo (excesso de pelos no corpo) e amenorréia.
O padrão de deficiência do Sangue é o mais fácil de ser tratado, a não ser que seja resultado de uso prolongado de pílula anticoncepcional. Mulheres com carência de Sangue necessitam de nutrição adequada e ingerir alimentos que nutrem o sangue, como carne, ovos, espinafre, cenoura, etc. Aquelas que sofrem de deficiência do Rim deveriam evitar excesso de trabalho e guardar repouso adequado. As que sofrem de estagnação de Xue (Sangue) devem fazer exercícios leves e regulares para mover o Qi e o Xue (Sangue). As que sofrem de Mucosidade devem evitar ingerir leite e derivados e alimentos gordurosos que aumentam Umidade e Muco.
O princípio do tratamento é tonificar o Yang do Rim e resolver a Umidade – Mucos simultaneamente.
Bibliografia:
AZEVEDO, George Dantas de et al. Modificações do estilo de vida na síndrome dos ovários policísticos: papel do exercício físico e importância da abordagem multidisciplinar. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [online]. 2008, vol.30, n.5, pp. 261-267. ISSN 0100-7203. doi: 10.1590/S0100-72032008000500009.
FERNANDES, Luiz F.C.et al. Endometriose. Tratado de Reprodução Assistida - Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. São Paulo: Segmento Farma, 2010.
IZZO, Carlos Roberto et al. Síndrome dos ovários policísticos. Tratado de Reprodução Assistida - Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. São Paulo: Segmento Farma, 2010.
LYTTLETON, Jane. Tratamento da infertilidade pela Medicina Chinesa.São Paulo: Roca, 2006.
MACIOCIA, Giovanni. Obstetrícia e Ginecologia em Medicina Chinesa.São Paulo: Roca, 2000.
ROCHA, Mylena Naves de Castro et al.Ultrassonografia. Tratado de Reprodução Assistida - Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. São Paulo: Segmento Farma, 2010.
TSO, Leopoldo O. ; DUARTE, Oscar B. Epidemiologia da infertilidade. Tratado de Reprodução Assistida - Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. São Paulo: Segmento Farma, 2010.
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